Área: Ciências Humanas
Subárea: Sociologia
Estado: Bahia
Cidade: Salvador
Escola: Sartre
Resumo: A utilização de sistemas de reconhecimento facial dentro do âmbito da segurança pública têm sido um fenômeno cada vez mais frequente. A cidade de Salvador acompanhou essa tendência, de modo que, desde 2018, tal tecnologia passou a ser massivamente utilizada na cidade. Diante das controvérsias suscitadas por indícios que indicam que os algoritmos usados nos sistemas de reconhecimento são menos efetivos na identificação de pele mais escura, a análise sobre os impactos que essa tecnologia gera na comunidade negra torna-se imperiosa, especialmente considerando que as políticas de segurança públicas aplicadas no Brasil apresentam cunho historicamente racista. Por isso, a presente pesquisa objetiva investigar a possibilidade de sistemas de tecnologia de reconhecimento facial reforçarem o racismo por meio do aumento da auto vigilância e controle que a comunidade negra de Salvador impõe sobre os próprios comportamentos. A metodologia utilizada foi quali-quantitativa, com a aplicação de um questionário de forma presencial em um local público de alta circulação popular. Os dados levantados no questionário, com amostra populacional de 110 pessoas, revelam que 81,5% das pessoas negras sentem temor de serem reconhecidas de forma incorreta pelo sistema de reconhecimento facial. Além disso, 68,5% delas afirmaram que apresentam mudança de comportamento quando percebem que estão sendo vigiadas. Esses resultados demonstram, assim, o potencial que o uso do sistema de reconhecimento facial na segurança pública tem de aumentar a auto regulação e vigilância da comunidade negra, além de propagar o temor dessa população em circular pelo ambiente urbano.